Acordados neste aconchegante destino de férias, sentimos que estaria para mudar (e mais à frente irão verificar que tínhamos razão) por isso aproveitámos o que a casa tinha para dar :
E nada melhor do que fazer palhaçadas com a minha amiga de brincadeiras:
Este foi o jipe que alugámos. Como no veículo anterior surgiram problemas de radiador, neste decidimos verificar o estado do motor antes da grande viagem. Aparentemente tudo estava bem:
A distância a percorrer era a maior que tínhamos feito até então. Cerca de 800 km, o que ocuparia o dia inteiro! Ofereci-me para conduzi-los pois sempre tive o desejo de conduzir em África:
A descentralização do guiador e o ar condicionado ter deixado de funcionar nas primeiras covas, deixou-nos de pé atrás e passados 30km heis que sinto que as mudanças estão a custar a entrar. Aquilo intensificou-se e avisei os acordados que iria encostar. Foi em bom tempo pois o pedal da embraiagem colou ao fundo e não mais subiu, mais uma vez no meio de uma planície sem casas à vista. A boa disposição e espírito dos Senegaleses fez com que os escassos veículos que por nós passavam, parassem a perguntar se queríamos ajuda. Com a ajuda de um motociclista, fizeram chegar até nós um mecânico que ali mesmo, só com um alicate e chave de fendas, conseguiu restaurar o tubo de óleo da embraiagem. Com tal serviço voltámos à estrada:
Camiões sobre-lotados e tortos, paisagens lindas:
Quando vimos montes de térmitas de mais de 2 metros resolvemos parar:
E ao voltar para o carro apareceu-nos uma criança a pedir dinheiro. É comum rapazes e homens de todas as idades pedirem, mas este era diferente. O nosso guia tirou a t-shirt e vestiu-lha. Só falavam em Wolof e traduziu-nos que tinha sido entregue a um lider espíritual para aprender o Corão. Os seus pais deixaram-no aos 6 anos e só o iriam buscar aos 16, enquanto isso ele e dezenas de outras crianças tinham que arranjar uma soma de dinheiro, arroz, açucar e fruta. Ao fim do dia, se tal não conseguissem, ou fugiam ou levavam tareia. Demos-lhe a soma em falta e de comer. Ao ver isto, outra criança se chegou com a mesma história, e depois outra! A nossa vontade era ir procurar o tal líder, mas quando partíssemos seria pior. Assim sendo, fizemos o melhor que pudemos, trocámos-lhes as roupas pelas mais pequenas que tínhamos e deixámos o nosso coração:
O resto da viagem foi feita em silêncio. Chegámos ao destino já de noite e foi difícil encontrar onde dormir. Soubemos de um acampamento que iria abrir (a estrear) e fomos, mas apesar de novo era o oposto do da noite anterior:
E estávamos mais uma vez com companhia:
Mas depois de tantos quilómetros e emoções tínhamos de dormir de qualquer forma.
5 comentários:
Meu deus só emoções. Nem imagino o q sentiram ao ouvir as histórias dos meninos e deixa-los para trás...
Beijinho
há 11 anos, no Quénia, vimos muitas situações iguais. Mas a pior de todas, para mim, que não consigo controlar-me e dou, foi uma rapariga enfezada que se dirigiu a nós a pedir, e dei-lhe a minha última maçã. Olhou-nos com desprezo e mandou fora.
Depois disso, fechei os cordões à bolsa.
No regresso a Portugal, comprei material escolar e enviei para as escolas locais, por intermédio de funcionários do Hotel.
Não faço ideia se algum dia lá chegou
podia ter percorrido milhares de quilometros, que depois de ver esse bichinho (que de inho, tem pouco), não dormiria por nada deste mundo. não imaginas o que passei em cabo verde, onde elas voam e tudo!
Como sempre um post fantástico, os teus post's parecem-me livros, quando os estou a ler estou sempre desejoso e curioso pelo próximo capítulo, aqui ocorre o mesmo, só me apetece ler mais um post.
Abraço
http://valterclaudio.blogspot.com
Sara: Basicamente foi sentimento de impotência. Mas um dia, com mais recursos, hei-de fazer um pouco de diferença! Beijo
Margarida: Ali notava-se bem quem fazia do pedir profissão e quem o fazia por necessidade. Mesmo na abordagem era possível ver.. e havia homens de idade que ficavam com olhos a brilhar. Olhos não mentem.
Nós vamos enviar roupa para o nosso guia e ele disse que ia entregar em mão a crianças desfavorecidas. Se ele deu a sua própria t-shirt é porque sabe das necessidades reais.
Mesmo que não tenham chegado, o teu coração fez o que era preciso =)
cê-agá: Acabavas por adormecer de cansaço! Ali não podíamos fazer nada pois o telhado era de palha e a passavam por baixo da porta. Mas ali nem foi o pior.. cheguei a estar na casa de banho de uma casa com 3 a olhar para mim =P
Valter: Obrigado pelas palavras =) Ainda há mais uns capítulos, por isso vai passando =) Abraço
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