Levo o bom mas também o mau

Nem sempre estamos no nosso melhor.
Por vezes, estamos mesmo no nosso pior e batemos no fundo. E só nos damos conta quando lá chegamos e arrastámos tudo o que, com a aflição, conseguimos alcançar para nos agarrar. Estive numa dessas vezes.

Há pouco tempo, e fruto de uma sequência de problemas que pareciam adicionados por um cientista maluco, comecei a minha espiral recessiva. Não há travões. É andar em ponto morto a tentar desviar das piores opções mas a saber que o fim não será melhor.
Há os amigos, os "amigos", os conhecidos e até os que nunca nos conheceram a querer ajudar. A forma como o fazem difere, mas todas têm o mesmo resultado: nada ajuda. Com pessoas a puxar para cima e outras para baixo deixei de caminhar pelo meu pé. Como se puxassem para todos os lados e sem dar por isso passei a ser uma marioneta.

E depois?

Depois não há muito a fazer.
É uma angústia... uma luta diária que não leva a lado algum.
É querer respirar, sair desta condição e não dar. Querer voltar ao que se era e não conseguir.

Tantas pessoas à volta e sentir-se sozinho... escalar, mas estar preso.
Passam-se dias, semanas, meses e acaba-se por desistir. Eu desisti. Desisti várias vezes pelo meio numa tentativa de ganhar forças, até que não dá mais, desiste-se simplesmente.
Mesmo fechado/sozinho, andei à tona, à vontade das marés. Vagueando por onde todos me vêem, dizendo "olá" mas sem saberem o que ia cá dentro.
Até que chega o momento em que nos cansamos de não ir. Se fica farto de ficar a ver. Montado na pouca coragem que sobrou, nos pós que ficaram dos sonhos e nas migalhas do meu ser, inicia-se uma nova viagem.
Não sei se será a melhor mas serei eu novamente ao comando.

(fotografias: Novembro 2016 - Art in Paradise, Chiang Mai, Tailandia)