Viagem ao Senegal (Dia 3)

O lago rosa, ao acordar, tinha esta belíssima cor:
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Foi tempo de colocar malas às costas e deixar as nossas cabanas:
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Alugámos um jipe para fazer o reconhecimento e fizemos a volta a todo o lago. Havia dezenas de pessoas a trabalhar por conta própria. O lago, nos locais mais profundos, tem cerca de um metro e meio de água, e a mesma profundidade de sal no seu fundo. Os trabalhadores untam-se em óleo por causa da salinidade e escavam com as próprias mãos ou pás. O sal vem numa espécie de pasta de barro cinzento escuro e só com o sol é que fica com o aspecto que conhecemos:
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Depois de subir e descer dunas, deparámo-nos com uma aldeia criada por ex-nómadas que alí se foram deixando:
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Vi o meu primeiro oásis. Aproveitam-no para semear batata doce:
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E finalmente chegámos ao local que mais interesse me despertava, o local da última etapa da mítica prova Paris-Dakar. Percorrer a alta velocidade o mesmo percurso que grandes campeões fizeram foi, para mim, indescritível:
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O nosso jipe, apesar do aspecto, andava bastante bem:
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Deparámo-nos com vários pescadores e resolvemos dar uma ajuda:
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Ao fim da manhã o plano era então alugar um carro e fazer 300km para norte:
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O carro era um renault 21, que não passaria na inspecção por dezenas de factores, mas lá fomos os 6 na viagem:
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O carro era de 5 por isso fomos multados algumas vezes. Sabíamos que não era bem esse o problema, era mais por sermos turistas visto que havia carros com dezenas de pessoas dentro e no tejadilho. Da 5ª vez passaram finalmente recibo que autorizava andar deste modo durante 24h:
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Foi já com a lua cheia no ar que se fez a chegada a St.Louis, outrora a capital do Senegal. Jantámos, fomos a um bar e ainda percorremos várias ruas, mas deixámos a visita para o dia seguinte:
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Viagem ao Senegal (Dia 2)

Acordados em Dakar, não há pastelarias e cafés. Fomos tomar o pequeno almoço a um bar e, como viria a ser regular, consistia em água quente em que depois poderíamos escolher café em pó ou leite também em pó. Já tínhamos como destino o lago rosa (esta minha amiga entrou no espírito e, tal como eu, vestiu-se a rigor) mas faltava o resto. Enquanto uns decidiam os pormenores eu fazia "tatuagens":
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O destino foi então a ilha de Gorèe, ao largo de Dakar:
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A chegada à ilha parecia um filme:
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Esta ilha foi um dos motivos para Dakar passar a ser a Capital. Era daqui que seguiam os escravos do continente africano para o resto do mundo, infelizmente fundado por portugueses:
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As casas contrastavam entre os casebres onde eram guardados os escravos e as mansões dos mercadores:
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Ao longo de toda a ilha podemos encontrar diferentes tipos de artesanato:
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E com simpatia tivemos direito a uma explicação de que diferentes países de África vinham as diferentes cores de areias e como se faziam aqueles belos quadros:
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Esta foi a vista do restaurante. Entre o pedido e o servirem, deu para alguns de nós irem ao banho como as restantes crianças:
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À partida, arrancavam-nos sorrisos:
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A chegada ao porto de Dakar foi feita com bastante calor, mas não sei se estaria tanto assim:
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Pelos motivos que expliquei no post anterior, procurámos um taxi e dissemos o nosso preço. Depois de resmungar, aceitou e levou-nos até Lac Rose. (Depois de 15 dias de negociações soubemos que mesmo assim acabámos por pagar mais do dobro). Há apenas uma pequena porção de autoestrada entre o aeroporto e a cidade e nela podíamos ver de tudo, como é aqui o caso dos autocarros:
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Ou das carrinhas de transporte comum características:
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Depois de conseguir passar pela multidão de comerciantes, lá chegámos ao acampamento com vista para o lago:
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E o banho foi logo o passo a seguir. Este lago é um braço morto de mar e é cor de rosa devido a uma cianóbactéria que cria um pigmento desta cor para resistir à elevada concentração de sal. Devido a esta concentração, 10 vezes superior à do mar, é impossível irmos ao fundo, ficando mesmo à tona sem esforço algum:
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Um dos comerciantes fez questão de nos acompanhar e, depois de 2km até à vila mais próxima e de muita conversa, apresentou-nos o "irmão" dele que viria a ser o nosso guia até ao fim. Levou-nos até ao melhor restaurante, que é tudo o que está na fotografia tirada da porta de saída, apenas não apanhando o fogão por trás do balcão. Era muito escuro, apenas com uma luz vermelha (aqui vê-se luz por causa do flash) e a comida picante:
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Depois convidou-nos para ir a casa dele, beber chá, dançar, conhecer a família e voltámos para o acampamento à boleia de um amigo.

I'm a rocket man

Deparei-me com umas fotografias de Hunter Freeman com as quais me revejo. Posso dizer que muitas das vezes ando perdido e outras tantas ando com a cabeça no ar. Qualquer coisa serve para me abstrair e sair desta realidade, só voltando quando oiço o meu nome. O olhar preso no infinito e os sorrisos no meio de conversas, são apenas isso, pequenos saltos para o desconhecido ou curtos vôos. Esta imaginação faz-me interagir com os objectos de outra maneira, traz-me dezenas de ideias e faz-me querer mais, mas como qualquer astronauta falta-me sentir a terra nos pés e acabo por não fazer nada.
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Podem ver mais clicando aqui. E tudo isto leva-me para uma canção que sempre adorei:

"I'm not the man they think I am at home, oh, no no no... I'm a rocket man, a rocket man burning out his fuse up here alone"

Viagem ao Senegal (Dia 1)

Já descansados, foi tempo de acordar cedo e dar a primeira volta por Dakar, a cidade mais a Oeste do continente africano que se tornou capital do Senegal pela sua localização estratégica para o comércio:
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As "nossas" ilhas de Cabo Verde, ficaram com este nome devido a estarem a 580km da península em que se encontra Dakar, península do Cabo Verde, nome que indica bem o que poderíamos ver:
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"Eu quero viver num país onde as árvores sejam rotundas!":
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Museu de Dakar (universidade de Dakar). Numa terra tão rica em artesanato e histórias era de esperar que essa riqueza se traduzisse em obras expostas ou histórias contadas, mas não é o caso pois o enorme edifício encontrava-se muito vazio:
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Mas sempre deu para refrescar e brincar um pouco lá dentro (visto se encontrar vazio também de visitantes):
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Palácio presidencial, com as pequenas casas de guarda e vedação como se estivéssemos em Inglaterra:
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As refeições também eram uma incógnita, tanto os preços como ementas. Passámos por um grupo recreativo que tinha cinema, palco e restaurante, tudo ao ar livre, e resolvemos lá almoçar, ignorando que esta primeira refeição fosse a de melhor aspecto de todos os dias precedentes:
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Como a viagem não foi preparada, e como já tínhamos visto que os táxis eram caros e os autocarros não indicavam destino, resolvemos procurar pela estação de comboios e, depois de km a pé, lá a encontrámos, imponente mas estranhamente pouco habitada, havendo apenas detritos e comércio à porta:
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Pois bem, estava abandonada, as pessoas que lá estavam não sabiam a razão e só nos indicaram um caminho de terra que dava a volta. Por trás da estação a visão era esta, com comboios abandonados e muitas silvas. Percebemos que haveria algo em funcionamento quando uma pequena multidão começou a correr para o último comboio. Corremos também, perguntámos onde se comprava bilhete e para onde ia. Ninguém soube dar informação e como estava completamente lotado também tirámos a ideia deste meio de transporte:
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Pelas ruas, ganhámos um nervosinho miúdo por todas as abordagens que nos fizeram, por todo o transito anárquico (sim, aquilo é um camião pesado e mil táxis) e restante confusão. Esta era a vista do nosso quarto (a Aldo foi a única loja que reconheci):
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Todas as noites dormíamos num sítio novo, que tínhamos que regatear o preço e, como não procurámos por hotéis, muitas das vezes não havia ar condicionado e tínhamos de ser nós a colocar as redes mosquiteiras onde desse:
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Viagem ao Senegal (Dia 0)

Depois do check-in feito, foi tempo de tomar um bom pequeno-almoço e dormir mais um bocado, desta vez já em bancos de 3 lugares, até o sol nascer e entrar pelas grandes janelas:
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Foi muito estranho ter que voltar para Portugal, mas, pelo menos para mim, não foi para o mesmo sítio:
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A nossa capital (que não consigo gostar):
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À porta de desembarque tínhamos um amigo francês, que conheci numa visita dele a Faro. Disponibilizou a casa para tomarmos banho, levou mais amigos para jogar PES e ainda foi às compras para nos fazer um maravilhoso almoço. Há pessoas com bom coração:
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O encontro com as restantes duas viajantes só foi feito na porta de embarque. uma hora antes de partir:
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Depois de me reterem 2 frascos de repelente no Porto, com menos de 100ml, resolvi vingar-me e mostrar que há coisas bem piores no avião, tal como facas em metal (Para cortar puré?!):
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À saída do avião, o cheiro foi o que mais se sentiu. Completamente diferente, parecia um cheiro a terra molhada constante. Fomos cercados por taxistas que quase andaram à porrada para nos levar. Seis num carro (mais malas) e lá fomos até ao "Chez Nizar" numa das ruas mais movimentadas de Dakar. Acabámos por dormir os cinco num quarto "Chez tonton Vieira" pois tinha-o alugado a outros.